quinta-feira, 28 de setembro de 2006

histórias sem pé nem cabeça - mas com meia e chapéu

Sabe como eu sei? É só saber observar. Tem sempre uma coisa que diferencia um dos demais. A gente é sempre exclusivo, e se a gente tiver sensibilidade, capta esses sinais. Meu gato sabe quando eu estou chegando. Desde a garagem, desde dentro do elevador. Quando eu morava com meus pais, eu sabia cada um que estava chegando pelo barulho das chaves. Não errava nunca, sabia diferenciar meu paí, minha mãe e meus dois irmãos. Sem erro!

Eu tenho essa mania de brincar de Sherlock Holmes. Vejo as pistas, monto o quebra cabeças. Adoro fazer isso! E depois que eu monto, não tem mais erro. Nem adianta tentar me enrolar. Eu posso até fingir que acredito, pois não vale a pena discutir pelas coisas que a gente tem certeza. E aí eu fico com aquele sorrisinho interno de quem sabe e acho graça de quem tenta me convencer do contrário...

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Você comentou sobre minha meia: disse que eu estava usando a meia da Carol. Adoro meia coloridinha, irreverente, com desenhos infantis. Deve ser pra deixar meu lado criança escondido, lá nos pés. Se eu usasse um chapéu colorido chamaria muito mais atenção, não é verdade? Já a meia não. Pouca gente vai reparar na minha meia de dedinhos ou de estampa de coração ou de bichinhos. Mas você reparou e comentou...

Aí ela abriu a gaveta e tirou um par de meias vermelhas de coraçõezinhos. Me mostrou e não falou nada, mas eu entendi que ela queria me dizer que alguém ali também gostava das meias irreverentes. Eu estava de legging e camisa de malha, abraçada com você na cama. Haviam três portas no quarto. Todas três abertas. Todas três davam para um corredor. Arquitetura estranha essa... Pelo corredor , em frente à porta do meio, passou sua irmã e depois seu pai. Você levantou e foi tomar banho, pra nós saírmos. Eu fiquei deitada ali na sua cama esperando você voltar. Pela porta lateral, entrou sua mãe e veio falar comigo. Ai que medo!!!

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