terça-feira, 18 de julho de 2006

Minha vida está ficando surreal!

Pense nesta cena!
Você encontra seu primeiro namorado por acaso num happy hour no centro da cidade. Ele continuou gato, só que pelo visto parou de fumar maconha, agora trabalha e se rendeu ao capitalismo selvagem (afinal a “burguesa” era você e ele o "comunista"). O cara que você conheceu na praia em Ipanema jogando frescobol com cheiro e gosto de maresia, agora de terno e gravata cheirando a Pólo de Ralph Lauren. Ele te reconhece e vocês começam a conversar. Você sente uma eletricidade, percebe que a química ainda rola e um clima interessante no ar. O amigo dele percebe e se despede, você esquece dos seus amigos no lugar. Vocês acham uma mesa, ele pergunta o que você bebe (ai lugar comum de novo, mas não tem jeito, você não bebe cerveja). Você pensa em responder "Champagne para brindar este re-encontro" mas acha demais e pede um Kir Royal. (hahaha você só tem estas duas opções???) Vocês conversam sobre mil assuntos a conversa rende... Ele joga charme pra você, fala que você continua linda...
Você percebe que isso não vai acabar bem, ou melhor, vai sim... Você finge que vai ao toilette e liga pra sua cunhada pegar sua filha e levar pra dormir na casa dela.

Lá pelas tantas ele oferece pra te levar em casa, pergunta se você ainda mora na Tijuca. Ele diz que está morando em Botafogo e (pasme!) que tem um livro seu pra te devolver. Você ri, diz "boa tentativa, mas eu nunca te emprestei nenhum livro". Ele jura que é verdade e você já com duas doses de kir na cabeça paga pra ver. Ele fala "então vamos" e você vai se despedir das amigas. No carro você diz "então tá, eu espero você na garagem enquanto você pega o livro lá em cima". Ele fala "ah, que é isso? Você tinha menos medo de mim com 16 anos do que agora... vamos lá, posso demorar a achar, a gente toma uma saidera". Você acha que isso está parecendo um roteiro de filme romântico, cliché, e começa a rir. Ele pergunta o que foi, mas você prefere não responder.

Vocês sobem, um apartamento com decoração minimalista com uma vista linda para o Pão de Açúcar e a Baía da Guanabara. Você pensa ou este cara é gay, ou tem alguma coisa muito errada nesta história! Você senta no sofá, ele coloca uma música (que você não conhece afinal você é péssima para músicas) e ele vai no escritório procurar o tal livro... Ele volta 30 segundos depois fala que é um péssimo anfitrião, pergunta se você bebe alguma coisa. Você pensa em responder "whisky" pra encarar essa situação, mas pede uma água. Ele te traz uma água e você pergunta há quanto tempo ele mora ali. O assunto acaba indo pra a vida profissional e vocês conversam sobre as viagens que já fizeram, descobrem que estiveram em Zurich na mesma época. Você acha a situação hilária, você quase não acredita que seja real. Você pensa: "isto não está acontecendo, acho que de tanto escrever naquele blog virei um personagem".

Ele te conta que se separou recentemente e que se mudou para este apart. As coisas começam a fazer mais sentido, um gato como estes não estaria dando mole por aí. Vocês conversam mais um pouco e em determinado momento, ele que não mudou nada (aliás as pessoas pouco mudam) simplesmente te beija no meio do que você estava falando. Você volta no tempo, ele continua beijando muito bem, e o clima esquenta. Ele fala uma gracinha sobre vocês nunca terem transado naquela época. Você responde "tempo desperdiçado que a gente joga fora quando é mais novo"... Ele fala "É verdade agente devia ter transado naquela época, no consultório que você era secretária, lembra?" Você ri e lembra de quando o médico pegou vocês dois lá namorando... Você diz "relaxa, tudo tem seu tempo, olha que loucura a gente se encontrar depois deste tempo todo, de repente foi melhor todo este laboratório que a gente fez estes anos todos." A resposta vem com a mão levantando sua blusa: "Oba eu quero ver o resultado deste laboratório" e o final da história você não pode contar aqui!

Você ri da ironia, porque quem estava tirando onda de não repetir figurinha era você! Mas neste caso nem deu pra dispensar né? E o livro? Não tinha livro nenhum, o cara só fumava maconha, não lia nada naquela época!

3 comentários:

Lucas Welter disse...

Esse tá genial! Me lembrou muito aquelas colunas da última página das revistas semanais... já pensou em escrever para Elle, Cláudia, ou outra dessas. Bjos!

Angel disse...

Lucas,
Bem que eu gostaria, mas aí teria que fazer a faculdade de comunicação que eu não fiz...
Uma vez, logo no início do meu blog, minhas amigas falavam que eu deveria escrever para uma revista. Aí um dia perguntei para o Sr Incrível que revista ele achava que seria o meu estilo e ele respondeu "Marie Claire". Adorei a resposta, afinal, chic é ser inteligente :P

Lucas Welter disse...

Sim, Marie Claire. Just perfect ;)