sexta-feira, 24 de outubro de 2014

luv or lust - 03/07/2014

Não é que eu não acredite no amor, muito pelo contrário.  Não duvido um segundo do amor dos meus pais por mim, do amor dos meus irmãos (apesar das brigas e rivalidades) nem do meu amor por eles. Meu amor de mãe pela minha filha é incondicional! Meus amigos, igualmente,  podem ter a certeza que lhes devoto o mais verdadeiro amor, assim como sei que tenho o mesmo deles. E o que dizer de amor de avós? Minha avó por parte de mãe com quem tive a sorte de conviver bastante,e os beijos no portão dados pela minha avó por parte de pai a quem o destino não me deu tanto tempo para desfrutar. O mesmo amor que vejo hoje transmitido pelos meus pais à minha filha e minha sobrinha. E o amor de tia, incontestável, minha sobrinha pode dizer. O amor pelos meus gatos, Haroldinho, que praticamente morreu no meu colo e Mio e Mao que enchem a casa de alegria. E ainda sobra amor para todos os gatinhos de rua que encontro no caminho.Enfim, acredito no amor! Muito! E tenho a certeza de que o nosso coração se expande, cruza fronteiras, quanto mais se ama, mais se tem a capacidade de amar.

O meu único “porém” é esse amor romântico,  entre homem e mulher.  Já acreditei nele um dia, mas em meio a uma crise de asma que até então eu desconhecia, este amor foi posto à prova e não resistiu. Uma frase dita por maldade ou por ignorância a uma mãe com um bebê no colo, mandando ela se virar pois não iria levá-la ao médico, matou tudo em que eu acreditava.  Eu estava fragilizada,não conseguia respirar, não sabia o que era aquilo (foi minha primeira crise de asma) e a pessoa a quem jurei amor eterno diante de um sacerdote e de quem esperava, no mínimo, a consideração de cuidar de mim na saúde ou na doença, me virava às costas. Por sorte, tenho pai, mãe, irmãos, amigos que me amam e meu pai me levou ao hospital enquanto minha mãe cuidava da minha filha. Foio fim do meu casamento. Foi o fim do que eu um dia acreditei em amor entre homem e mulher.
Então, se você me perguntar o porquê do meu porta retrato ter uma foto de Doisneau, eu te digo que pode ser ironia, pode ser que eu acredite que esse amor aí descrito tem prazo de validade, pode ser porque eu admiro o trabalho do Doisneau e fui numa exposição e trouxe esta foto do catálogo, ou pode ser apenas que eu não tenha outra foto para colocar no lugar.
Mas se você olhar, na mesma estante, ao lado, tem outro porta-retrato  com a foto da minha família, que eu insisto em renovar em todas as oportunidades em que nos reunimos, e essa sim é colorida, verdadeira, cheia de vida e de amor! Só não tenho um porta retrato com a foto dos amigos pois ainda não consegui colocá-los todos numa mesma foto e seria injusto privilegiar apenas alguns queridos.

E diante de tantas histórias, não só a que contei, mas as que vejo no dia a dia com amigos, penso que deste amor que o porta retrato define, vamos chama-lo de love, para mim ele é apenas lust. 

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