terça-feira, 24 de junho de 2008

Descreva!!!

Afinal de contas, isso aqui é um blog, e não um fotolog. Portanto, se não houvesse as fotos, como eu descreveria aquela trilha?

Vamos lá então...

Era um dia de domingo ensolarado. Na verdade, tudo começou numa tarde de sábado. Eu e Lulu estávamos aqui de bobeira e um dia lindo lá fora nos convidava a sair.

Eu havia lido sobre a triha da Catacumba no site da Claro, numa bem sacada propaganda que dizia: "A Claro é igual ao Rio, tem muito mais a oferecer do que você imagina" e estava na pilha de ir até lá, já que o site dizia que a trilha era fácil e para qualquer idade.

Eu e Lulu nos animamos para ir... mas a seguir nos desanimamos: bateu aquela lombeira pós almoço. Mas combinamos para o dia seguinte de manhã cedo.

No domingo, meus pais ligaram super cedo para cá nos chamando para ir à Teresópolis passar o dia. Dissemos que estávamos fora, mas oferecemos o parque da Catacumba em contrapartida. Foi bom ter acordado cedo afinal. Eles toparam trocar o programa.

Chegando lá, começamos a visitar o parque que fica em plena Lagoa Rodrigo de Freitas, um dos endereços mais cobiçados do Rio. Eu mesma digo que se ganhar na mega sena e decidir ficar no Rio, só troco a Tijuca pela Lagoa. O visual, portanto, é maravilhoso desde a entrada. Mas esperávamos pelo tal visual da Lagoa, Leblon e Corcovado. E quando já estávamos frustradas por não ter visto trilha alguma, Lulu avistou uma setinha vermelha numa plaquinha escrito "trilha" que nos indicava o caminho.

Meu pai desistiu ali mesmo. Ele não estava desde o início com disposição para trilha nenhuma. Acho que Freud explicaria porque consigo me sentir atraída por alguém que me diz que isso seria programa de índio, mas estou saindo do foco... Minha mãe continuou conosco até terminarem as escadas e começar a pirambeira. Na verdade, não era pirambeira... tinham escadas rústicas na trilha... mas começou a parecer muito intenso para ela.

Daí ficamos apenas eu e Lulu, Lulu e eu! Ambas medrosas por parte de pai e mãe, mas aventureiras (mais por sermos contestadoras do que por vocação). E foi engraçada essa parte. Lulu era mais nova e via em mim a segurança que precisava. Mas a cada parada que eu fazia com meu corãção batendo a 186 bpm, era ela quem me acalmava e me incentivava a seguir. Pensamos em desistir algumas vezes, mas olhávamos uma pra a outra e falávamos: "vamos subir só mais um pouquinho, pra ver o tal mirante".

No meio do caminho, um casal e dois filhos pequenos (de uns 5 e 7 anos creio) vinham descendo. Perguntamos se o mirante estava longe e eles nos incentivaram : "Não, está pertinho!!!" Aproveitei o incentivo para passar coragem à Luiza, mas eu vi que a camisa de um dos meninos tinha um mapa de Ibitipoca MG. Naquele momento vi que, das duas uma: ou eles eram mineiros, e "pertinho" de mineiro, só quem já acreditou sabe o que é... Ou, o mais provável: eles curtiam "um programinha natureba" e viajavam com os filhotes por todos esses lugares de serra e cachoeiras e, portanto, aquela trilha seria fichinha. Opção B se mostrou a mais coerente, mas não falei nada para Lulu para não desanimá-la. Afinal, encontrar um menininho de 5 anos descendo todo cerelepe é um "senhor" incentivo!!!

E seguimos. Eu me preocupava em não torcer o pé, em não ultrapassar 186 bpm, em não beber todo o mate de uma vez, em não colocar a mão em uma árvore e dar de cara com um inseto ou um sapo! Sim já vi um sapo numa árvore em uma trilha em Visconde de Mauá que talvez estivesse ali esperando uma princesa para beijá-lo, mas naquela época eu estava certa de que tinha encontrado meu príncipe encantado.

Em determinado momento, uma placa nos confundiu. Dizia "trilha" e apontava para uma descida. Mas como assim??? Não haviamos visto mirante nenhum. Comecei a descer um pouquinho e achei muito estranho... nada de visual. Lulu continuou a subir e disse que leu: área em reflorestamento, continue na trilha, o que ela entendeu como "volte e siga aquela seta lá pra baixo."

Nessa hora fui eu checar a trilha de subida e Lulu a de descida. A de subida ainda tinha as tais escadinhas rústicas. E a de descida pareceu para a Lulu " a maior mata fechada!"

Falei: " Lulu, é pra subirmos. Não faz sentido terem feito escadinhas se não for para subirmos."

E assim foi. Já estávamos pertíssimo do nosso destino, mas ainda não sabíamos. E eu tive que parar pela segunda vez com 186 bpm... Lulu falou enquanto eu descansava: "pera aí, Anginha, vou ali em cima ver se tá chegando." E gritou: "É aqui... achei o mirante!!!"

Nisso arrumei forças sei lá de onde e subi os degraus finais. Chegando lá, a sensação é INDESCRITÌVEL!!! Me senti como um alpinista que conquista o Everest. OK, esse meu jeito hipérbole de ser, mas para quem é urbana e semi-sedentária,como eu e Lulu aquilo ali era o nosso Everest! Além disso, o visual é de cair o queixo. Não dava para imaginar que do meio daquela mata toda, apareceria uma pedra, de uns 4 m²que servia de mirante e a zona sul do Rio se descortinaria para nós.

Aí foi o momento de celebrar!!! Ficamos mais de meia hora lá em cima. O topo era literalmente nosso. Curtimos cada minuto, cada visual, tiramos trezentas mil fotos... gritamos, nos abraçamos, ligamos pra um monte de gente... Foi incrível!

Na volta, ao ficarmos novamente em dúvida com a seta para a trilha de descida, descobrimos com dois rapazes que subiam que aquela era uma trilha "B" sem degraus, teoricamente mais fácil de se descer, mas mais longa. Preferimos não arriscar e fazer como João e Maria e seguir o caminho davinda, devidamente marcado com milho para não nos perdermos. Hahaha!!! Brincadeira, nada de milho, mas voltamos sim pela já conhecida trilha "A".

E na descida, percebemos que a trilha era realmente curta. Demoramos apenas uns 10 min descendo, talvez... O que fez a subida ser tão longa, foi a incerteza da chegada. Como quando se vai a um lugar que não se conhece e a volta parece bem mais rápida. E as paradas, é claro!!! (Pára mesmo de malhar pra ver o que é bom ser sedentária!!!!)

Bem, foi essa nossa aventura de fim de semana. De duas cariocas urbanas demais, mas com um comichãozinho pra viver mais aventuras na natureza. Lulu que me corrija no comments se errei ou omiti algo importante.

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