quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

desejos

Queria ter nascido numa sociedade que celebrasse a morte como um encerramento de ciclo. Onde ao invés de velórios tristes se fizessem festas e enaltecessem o quanto aquela pessoa foi importante para aquele grupo familiar, aquele grupo de amigos.

Num exercício de visualização uma vez, me pediam para imaginar o que estava escrito na minha lápide. De cara achei meio assustador o tema, pois é assim que a gente foi criado: a lidar com temor sobre a morte. Mas o exercício era muito legal e nos levava a concluir que todos queremos ser lembrados pelo que fomos apesar de vivermos nessa sociedade capitalista onde somos valorizados pelo que temos.

Eu gostaria de ser cremada e que minhas cinzas fossem jogadas em lugares que visitei e que foram importantes para mim. Mas sei que isso é um desejo para um padrão de riqueza que não tenho no momento. Quem iria viajar até o Havaí para jogar minhas cinzas sobre o Kilawea de helicóptero? Quem iria passear por Paris deixar um pouquinho das minhas cinzas ao lado de uma barraquinha de gaufre perto da Sorbonne? Quem iria à Praia do Forte na Bahia; à uma determinada cachoeira em Visconde de Mauá; ao pôr do sol no Arpoador; ao Rockfeller Center em NYC; à Hamburgo, no bairro de Altona, na Alemanha, terra da minha família hospedeira?

E depois de todos estes lugares escolhidos, e determinados os amigos que fariam estas viagens, filmariam esses momentos, os que comeriam gaufre com Nuttela em Paris, balinha de gelatina em formato de coração em Hamburgo, e outras coisas que inda iria pensar a respeito, todos trariam suas câmeras digitais e fariam um filme, que seria editado com cenas da minha vida. E pasariam este fime numa festa onde meus familiares e amigos estivessem reunidos e pudessem fazer discursos, ler trechos trechos dos meus livros, bebessem Prosecco ou Champagne que sempre foram minhas bebidas preferidas (ai de quem levasse cerveja para este momento!!!) Não gostaria de ver ninguém chorando pela minha morte, mas sim sorrindo com a certeza de que vivi feliz, e muito!!!

Mas se isso for desejar muito, queria apenas ser enterrada num cemitério horizontal, daqueles estilo americano e que escrevessem na minha lápide aqui jaz uma pessoa que foi muito feliz, ou apenas "aqui jaz uma pessoa que entendeu o real sentido da expressão carpe diem". Já incumbi minha sobrinha desta missão.

Mas imagino isso pra daqui a muito, mas muito tempo!!! Pois gosto mesmo é de celebrar a vida!Mas estou falando de morte pois um grande amigo perdeu seu avô e acompanhei de perto a sua dor. Não pensem que estou fúnebre, estes dias. Apesar de acreditar na imortalidade da alma, na re-encarnação e no re-encontro com nossas almas gêmeas, sou muito carpe diem!!! E estou bem viva para viver minha vida, criar minha filha, escrever meus livros e cuidar do meu jardim... por muitos e muitos anos se Deus quiser!

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