sexta-feira, 16 de novembro de 2007

da série: 17 dias para surtar

30/10 - receba a notícia de que familiares numa situação de emergência precisam de abrigo até encontrar um novo apartamento. Você resolve aceitá-los em casa e alterar totalmente sua rotina. Antes, porém, para recebê-los, você passa em casa e faz uma faxina geral, já que a faxineira ainda não se recuperou e a casa está de pernas para o ar.

de 30/10 a 08/11 - em consideração à sua tia já idosa, ceda seu quarto, sua cama, seu ponto de TV a cabo e vá dormir no colchonete no quarto da sua filha, assistindo aos canais infantis que ela escolher, já que ali, a hóspede é você. Alguns dias você nem aguëntará o colchonete e preferirá o sofá molengo da sala mesmo sem o ar condicionado. Para entrar no seu closet, você precisará pedir licença e passar pelo quarto das hóspedes.

01/11 - desesperada com a situação, compre uma bicama para o quarto da sua filha e dois colchões. Despesa extra no orçamento de uns 1000,00!

06/11 - se estresse com a sua filha depois da aula para ela arrumar o quarto do contrário a cama não poderá ser montada.

07/11 - faça uma faxina no quarto da sua filha que não pode entrar no faxinão anterior de tanto brinquedo espalhado pelo chão. Leve um susto com a quantidade de poeira que estava no quarto e com o ambiente insalubre em que você estava dormindo. Dê graças a Deus por não ter morrido de bronquite.

08/11 - a cama é entregue, montada e pelo menos a dor na coluna vai passar. Você desiste de retomar seu quarto e "se conforma" em assistir TV a cabo apenas quando sua filha for passar o final de semana com o pai.

de 30/10 a 12/11- dê uma de terapeuta para tentar acalmar sua prima com paranóia e mania de perseguição. Neste mesmo período, ajude sua tia a encontrar um apartamento, dê força quando ela estiver fraquejando, etc, etc, etc...

12/11 - o apartamento é encontrado, o contrato assinado e tudo parece que vai entrar nos eixos em breve. Você até pensa: "elas vão embora no feriado e vou sentir saudades, já estava me acostumando com a companhia". Mas o caso da sua prima parece ser bem mais sério do que se apresentava.

14/11 - a chave do apartamento é entregue e quando você pensa que tudo vai voltar aos eixos, sua prima chega apavorada jurando que foi seguida por bandidos e não poderá morar naquele apartamento. Fala em rescindir o contrato e suspender a mudança contratada para o dia seguinte. Você vê que a coisa é gravíssima e agora tem certeza de que ela está paranóica e que você está numa furada. Gasta suas últimas forças para fazer sua prima ter um mínimo de racionalidade e aceitar a mudança e aos poucos resolver "a situação".

15/11 - "seu pior dia" como diz sua filha. A mudança vai para o apartamento mas sua prima não acompanha. Você liga para sua outra prima e desabafa. Á noite, após a mudança, sua outra prima e o marido vão para sua casa para uma reunião familiar (deles) sobre a questão do apartamento. Você desesperada, pois a reunião é na sua sala e seu quarto virou quarto de hóspedes, se tranca no quarto de sua filha, não sem antes ter preparado o jantar para as visitas. Quando percebe que seu espaço foi reduzido a um cômodo de 10 m2 de um apartamento de 100 m2, você resolve sair com sua filha porta a fora e ir visitar seus pais à noite, no meio da chuva e de taxi, pois no meio deste furacão você nem teve tempo de consertar seu carro. Chegando lá, você tem um ataque de nervos pois sabe que a situação passou dos limites e você será forçada a expulsar sua prima da sua casa, apesar de saber que ela necessita de tratamento mas se recusa a admitir. Você tem uma das piores noites das últimas semanas, parece que está vivendo um pesadelo que não é seu...

16/11 - você convence sua prima a comprar um armário e ir ao shopping. Com muito custo ela cede, mas vê milhares de agentes infiltrados com celulares tirando foto dela e se comunicando uns com os outros. Você tem certeza que não agüentará mais essa situação nem um dia, mas precisa esperar que o apartamento alugado esteja em condições de ser habitado e depois convencer sua prima a se mudar para lá, ou por bem, ou por mal... Se estressa com sua filha várias vezes no dia, qualquer coisa a tira do sério. Pede a Deus encarecidamente um pouco mais de paciência. Mas como você é transparente, sua insatisfação fica explícita.

Nesse meio tempo, você terá dispensado seu fuck neighbour umas duas vezes pelo menos (a última agora no msn enquanto escrevia este post) Você lhe explica que está com hóspedes em casa e ele lhe propõe um motelzinho para relaxar, mas vc não está em clima de motelzinho...

Nem no msn o gênio está entrando quando o amo chama. Você se sente sugada energeticamente como se um vampiro a tivesse tirado a força... E pensa quanto tempo mais vai ter que agüentar essa situação.

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