sábado, 26 de maio de 2007

vai lá... pula no pescoço dele e dá um abraço!

Essa frase, que de vez em quando eu me pego falando pra minha filha ir abraçar o avô, acho que é por que eu mesma não tenho coragem de fazer.

Meu pai me mandou um power point sobre abraço. Mas meu pai não me ensinou a lhe abraçar. Na verdade o que meu pai me ensinou de forma insconsciente, ainda que uma vez numa "briga" nossa quando eu era adolescente ele tenha dito claramente, foi que "o que as pessoas demonstram nem sempre é o que elas sentem por nós". E isso me ensinou (a um preço alto, de eu não conseguir até hoje) dar um abraço espontâneo e natural nele.

Porque ele impõe aquela distância que os pais de antigamente impunham entre eles e os filhos, como se isso fosse o que fosse fazermos respeitá-los. Eu, agora no meu papel de mãe e filha, entendo que respeito se conquista pela admiração e eu sempre admirei muito tanto meu pai quanto minha mãe. Cada um por motovos diferentes. Mas em cada um eu via qualidades que eu desejei desenvolver.

Depois que cresci um pouquinho, deixei de vê-los como mitos e isso não foi legal. Enxergar os defeitos, as falências de seres que para mim eram perfeitos. Mas novamente com isso aprendi mais um pouquinho. Aprendi a aceitar! Aprendi a idolatrar menos aqueles que eu amo, pois eu fazia isso até com meus namorados. E enxerguei em ambos os comportamentos que eu não queria repetir.

E agora, que sou mãe, e que sou uma mistura de tudo que as minhas experiências de vida e minha carga genética trouxeram para mim, eu abraço muito a minha filha, sou a maior carinhosa, e não tenho vergonha disso. Ainda que ela, pra meu aprendizado segui constante, não é muito chegada num beijo (puxou à avo) nem a um abraço (puxou ao avô) :P Mas eu a agarro assim mesmo!!!

Outro dia, quando meu chefe pediu demissão, eu resolvi gravar um vídeo, com depoimentos dos funcionários pra que ele levasse como lembrança. Umas semanas antes havia tido uma reunião de diretoria e lhe homenagearam com uma placa. Ele, muito emocionado, não se conteve e começou a chorar. Eu também, e outros funcionários que alí estávamos, pois afinal eram longos anos de relacionamento. E nessa hora, Eduardo estava sentado ao me lado, e eu tive uma vontade enorme de abraçá-lo. Mas talvez porque chefe a gente associa hierarquicamente à autoridade de pai, eu não tive coragem.

Só que sou emoção e detesto bloqurar um sentimento. Quando gravei o vídeo, deixei meu depoimento por último, e disse a ele o quanto tive vontade de abraçá-lo naquele momento, mas que tinha tido vergonha, por ser um ambiente formal, uma reunião de diretores. Ao final do vídeo, a primeira coisa que ele quis foi me dar o abraço que não nos demos naquela hora.

Por isso pai, fique sabendo que por mim eu teria dormido abraçada com você minha infância inteira, teria te abraçado quando minha avó Palmira morreu, pois mesmo pequena eu sabia o quanto você estava triste e precisava de um abraço, teria te abraçado toda minha adolescência quando tomei toco dos meus namorados (que nunca eram perfeitos pois não chegavam aos seus pés) e em muitos outros momentos até hoje.

Mas nós somos (externamente) como água e vinho. Você razão e eu emoção. E eu já te falei que isso não é a toa. É pra eu aprender com você e você aprender comigo. Ainda que por dentro eu tenha uma porção racional bem grande e você uma porção emocional bem grande também.

Mas como não adianta nada eu escrever isso aqui pra eu desabafar e você não ler, te mando esse post por email. E quando chegar aí te dou o abraço pessoalmente.

Um comentário:

Rosa Angélica disse...

Este post me fez chorar...
Meu pai é exatamente assim, mas mesmo sendo dessa maneira sei que me ama profundamente e meu amor por ele chega a doer.

Mas os abraços sempre foram raros. O pai dele também não lhe ensinou...Mas o amor...ah, ninguém ensina a amar...

A todos os pais do mundo, um grande e amoroso abraço!