quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Meet me at the Garden

A mensagem pode ter parecido estranha no seu celular. Mas o destino nos prega peças e nos dá chances que a gente não deve desperdiçar.

Estava observando a rota do avião de volta ao Rio de Janeiro, e nos aproximávamos da costa do nordeste brasileiro. Claro que lembrei de você, pois qualquer coisa é motivo para eu pensar em você. De repente, o comandante avisa:

“Senhores passageiros, aqui fala o comandante. Nos deparamos com uma pequena pane em nossos instrumentos de navegação. Nada grave, estamos sem o radar meteorológico, mas não podemos prosseguir viagem até o Rio de Janeiro devido a uma frente fria lá estacionada. Por segurança, fomos orientados pela torre de comando a fazer uma escala numa cidade do nordeste brasileiro, onde pernoitaremos e prosseguiremos ao nosso destino amanhã de manhã em outra aeronave. Já temos autorização do aeroporto de... (neste momento um chiado nos impediu de ouvir o nome da cidade)... a Star Aliance providenciará estada para todos no Hotel Garden para este pernoite.”

Enquanto todos os passageiros tinham uma expressão de apreensão, eu simplesmente sorria, agradecendo ao destino. Pelo nome do hotel eu soube qual era a cidade. Não acreditava e ria... Os outros passageiros deviam achar que eu era louca ou que estava rindo de nervoso. Mas eu simplesmente não me continha. E não conseguia tirar o sorriso do rosto. Sabia que a pane não deveria ser grave, via pela janela que o tempo estava bom no nordeste e já havia passado por uma situação semelhante que me obrigara a pernoitar em Porto Alegre. Portanto eu estava tranqüila. Tranqüila e radiante... Não via a hora de desembarcar e te ligar. Adorei a chance que o destino me deu de te encontrar “por acaso”. Pois é obvio que com uma escala forçada na sua cidade eu iria ligar para te encontrar.

Fiquei pensando se você acreditaria. Se você acharia que de alguma forma eu também manipulei o destino para isso acontecer. Será que você pensaria que eu seqüestrei o piloto do airbus? Simplesmente sorri e aguardei a aterrissagem. E para que você não tivesse dúvidas de que eu estava aí, eu ligaria de um telefone público e não do meu celular.


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Mas se por acaso eu te encontrar e não falar contigo, não pense que é porque você não significa mais nada para mim. Nem pense que eu estou magoada, nem que te desprezo... Muito provavelmente é apenas receio da minha reação se você olhar para mim com um olhar corriqueiro. Não sei como vou lidar com a ausência de desejo no seu olhar, não sei como vou reagir no dia em que você olhar para mim como olha para qualquer pessoa. Não sei o que vou sentir ao não ver o olhar que me desarmava, o sorriso que me deixava embaraçada. Portanto, talvez eu evite olhar para você, simplesmente para evitar esta constatação. Pois deve demorar algum tempo até que eu possa te olhar como antes. Pode demorar algum tempo para eu me desconectar...

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