quarta-feira, 26 de julho de 2006

Fragmentos de um filme que assisti novamente

Um cara, 30 e poucos anos, um belo café, uma mesa bonita com tampo de mármore, um ambiente agradável à beira do mar... No rádio toca “me dá um beijo então... aperta a minha mão... tolice é viver a vida assim sem aventura...” E de repente ele se vê triste pensando que seus sonhos eram ser um aventureiro, daqueles que cruzam a América do Sul numa moto, queria ser mais impulsivo, mais apaixonado, mas ao contrário de tudo isso ele está ali almoçando, comendo lagosta, tem um bom emprego, uma bela esposa, mas nada disso importa, porque o que ele procura é o significado na vida. Queria realmente entender que “a felicidade está na busca e não em conseguir o que se quer”.

Ele está ali sentado e de repente sua filhinha de cinco anos sobe na mesa. Ele hesita em pedir para ela descer, ele sabe que ela pode se machucar, mas ela está dançando ao ritmo da música que está tocando, num vestidinho leve que se movimenta suavemente com a brisa que vem do mar e com os movimentos do seu bailar delicado... E ele fica observando ela dançar, e numa fração de segundos, ele se vê com 16 anos, voltando da escola, deixando sua namorada em casa. Ela foi sua grande paixão da época, eles perderam a virgindade juntos, e se amavam muito. No rádio do carro esta mesma canção está tocando. "Deixa ser pelo coração, se é loucura então melhor não ter razão..." e sua namorada sobe no capô e começa a dançar. E ele fica preocupado dela cair. Ela é linda e tem uma expressão no rosto idêntica a da sua filha. Neste momento ele percebe que talvez seja por isso que ele gosta dela. Fica claro que ele não está lembrando desta cena: ele está lá! Está nos dois momentos simultaneamente. E num instante percebe que toda sua vida está dentro dela mesma. E ele se dá conta que o tempo é uma mentira, uma invenção limitadora, que tudo isso está acontecendo ao mesmo tempo, e que dentro de cada momento existe um outro. Todos acontecendo simultaneamente...

Lindo não? Acha que já leu isso antes? É bem capaz, pois não fui e que escrevi isso não... Só inventei qual era a música. Foi tirado de uma cena de “Before Sunset” e eu dei uma mexidinha no texto, é claro... Ainda pensei em mudar tudo. Manter a idéia, inverter os gêneros e contar sob a ótica de uma mulher. O filhinho de 5 anos não dançaria na mesa, mas estaria num parquinho ali do lado, subiria numa gangorra e simularia que estava surfando. E de repente ela se transportaria para um dia na praia, seu namorado surfista, etc... Mas não gostei! Porque eu estaria relacionando a personagem à minha vida e esta mulher triste e arrependida definitivamente não sou eu. Jamais seria! Então achei melhor como estava mesmo.

2 comentários:

Anônimo disse...

creio que seja minha vez de sentir isso tudo...
Vou ver os dois neste fim de semana, conforme prometido,anginha!
beijão

Anônimo disse...

Amo os dois filmes e os revejo sempre. E fico pensando: será que era pra seguir este caminho? E se eu tivesse tentado outro?

Já viu "A Dona da estória"?