segunda-feira, 11 de junho de 2007

Da série: Sensorial

Cada vez que eu volto da Bahia, volto devota de mais um santo...

Nunca tinha estado lá com a igreja aberta. Era noite de domingo e a igrejinha estava toda iluminada em volta em seu contorno com luzinhas que aqui, no Rio, a gente usa para decorar shoppings ou as varandas dos apartamentos no Natal.

Parecia que havia uma missa. Perguntei à minha amiga, que me sugeriu que entrássemos, se não tínhamos direito a um pedido por ser uma Igreja nova. Ela me disse que não: que são três pedidos! Pensei:”Oba, na Bahia tudo é mesmo mais generoso, posso fazer outros dois pedidos além do que eu já havia me decidido.”

Nos aproximamos e vi uma imagem de Santo Antônio. Era dia 10 de junho, e pensei. “Será que esta é uma igreja de Santo Antônio?” Minha amiga disse que achava que não, enquanto caminhávamos, mas ao chegarmos mais perto vimos mesmo a imagem do santo no altar. Não havia padre, nem missa, mas “que música e falas eram aquelas?” Pensei. Percebi que a igreja era de São Francisco de Assis, outro santo que adoro, mas havia cedido espaço a uma novena para Santo Antônio.

O que vi, ouvi, senti e experenciei a seguir será difícil de colocar em palavras, mas vou tentar. Dezenas de fiéis cantavam uma ladainha a Santo Antônio, em ritmo e tom de voz que eu jamais havia visto e verei em outro canto do mundo. O sotaque do povo nordestino carregado e a melodia descendente natural da entonação deste povo conferiam à ladainha uma musicalidade indescritivelmente linda e tipicamente brasileira. Parecia um estereotipo vivo, antes visto apenas nos filme brasileiros ou lido nos livros de história.

Me senti dentro de um filme. Me emocionei, me arrepiei da cabeça aos pés e fiquei ali , de pé, alguns minutos, mais admirando aquela devoção e fé de um povo sofrido, do que fazendo os meus pedidos ao santo. Depois de passada a emoção inicial, procurei prestar atenção à letra da ladainha e juntar-me em pensamento aos pedidos do povo, e agora sim fazer os meus: um para a humanidade, outro para minha família e um terceiro, mas não menos especial, porém um tanto mais egoísta, para mim.

Voltei da Bahia devota de mais um santo (na Bahia sou sempre devota do Senhor do Bonfim) e comprei uma imagem de Santo Antônio para minha casa. Meu pedido já havia sido feito ao Céus e acredito já tenha sido atendido pelo Cosmos. Falta apenas uma ajudinha do Santo para materializar o que já está escrito lá em cima.

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