Sentou no bar e pediu: “um whisky por favor!”
O garçom perguntou: “com gelo, senhora?”
Respondeu ohando para o balde de gelo: “sim! duas pedrinhas!”
Não costumava beber whisky, só champagne ou prosecco. Mas o momento pedia. Champagne é para comemorar. E whisky combinava mais com aquele momento de reflexão consigo mesma.
Havia idealizado um sonho. Tinha escrito até o último capítulo. Visualizou cada cena, cuidou de cada detalhe prático para que acontecesse. Conseguiu os dez dias de folga no trabalho, resgatou o contato de um velho amigo em Nova Iorque que os receberia de braços abertos, convenceu seu amore a trocar sua passagem de volta para dia 05 de julho e passariam o feriado de 4 de julho, seu aniversário, no Central Park, assistindo à queima de fogos.
Imaginou a chegada, ela em Newark, ele em La Guardia. Pensou de se encontrarem no Rockfeller Center. Sempre achou que aquele lugar combinava com um encontro romântico. Seus planos estavam todos perfeitos no mundo das idéias. Pensou agora, enaquanto bebia o whisky e refletia sobre tudo, que deveria estudar mais sobre Platão e essa teoria toda da imperfeição da realidade.
Imaginou os passeios. Visitaria o escritório da sede do seu trabalho em Manhattan. Mostraria ao seu amore a vista linda da janela e onde estavam as torres gêmeas antes do atentado. Falaria pra ele daquele dia, de como nos preocupamos aqui no Brasil com eles lá em NY pois sabíamos que assistiam tudo da janela. Programaria essa visita para o entardecer: pois o pôr do sol no escritório de NY é lindíssimo.
Seu amigo lhe ofereceu uma van para viajarem. Pensou em ir até Niagara Falls no norte do estado. Teriam tempo para isso. Depois voltariam, aproveitariam a companhia agradável e hospitaleira do seu amigo indiano, e fecharia com chave de ouro a estada de dez dias com as comemorações do 4 de julho. Jantariam em algum lugar especial. Economizaria nos outros dias para poder gastar bastante neste.
Mas ligou para a Continental e descobriu que por ser alta temporada, os assentos de milhas só estavam disponíveis para 100.000 milhas. O dobro do normal. O dobro do que ela possuia. Foi o primeiro balde de água fria nos seus planos. Mas não desistiu.
Tentou com a Delta. Acionou o amigo de uma amiga que trabalha na Continental que lhe deu a dica: se a Delta tiver disponibilidade, a Continental mudará o discurso. Não querem perder as milhas para outra companhia. Mas a Delta informou que não haviam mais assentos de milhagem disponíveis para o período. As férias, o feriado de 4 de julho, e o dólar em queda favoreciam às viagens. Não era só ela que queria estar em NY nesta época, ainda que seus motivos fossem além da viagem!
Mas ainda assim não desistiu. Chorou, se frustrou, conversou com amigos e fez duas reservas: uma na Continental, outra na Delta. Teria até o dia 23 de abril para decidir se valeria a pena pegar um empréstimo de R$ 4000,00 para pagar a passagem e ter alguns dólares em NY.
Ficou dividida entre o coração e a razão. Ponderou sobre riscos e benefícios de cada uma das escolhas. Escreveu para o amigo indiano em Nova Iorque. Ligou para seu amore nos Estados Unidos. Já estava mais calma. Ainda tinha fé de que iria reverter a situação. Acreditava que um plano B não seria necessário.
Mas foi o peso de duas pedras de gelo que lhe ajudaram a fazer a balança pender para o lado racional. Colocou o celular para despertar às 3:40 da manhã pois sabia que a esta hora ele estaria online. Começaram a conversar. Amenidades. Em determinado momento ela tocou sobre a viagem e ele falou: “não compra a passagem não, amore, se for com milhas tudo bem, mas é muito dinheiro...” ela falou que não estava decidida ainda, que seria uma frustração grande, que estava acostumada a lidar com as frustrações com as pessoas, mas não havia ainda aprendido direito a lidar com as frustrações materiais. Disse que era uma mulher cara! Ele falou que a viagem não seria a mesma coisa, que iria sentir sua falta em NY. Ela perguntou: “jura, amore? Vai sentir minha falta lá?” E ele respondeu: “claro amore, da sua amizade.”
Ela respirou fundo e agradeceu pelo balde de água fria. Ele pediu perdão pela sinceridade, mas ela disse que isso ele jamais deveria se desculpar: era a qualidade que mais admirava nele. Um pouco depois caiu a conexão no msn. Tirou duas pedras de gelo do balde que acabara de receber, colocou no whisky e foi escrever esse e outros posts. Mas conseguiu tomar a decisão pelo caminho racional sem muito esforço. O gelinho no coração ajudou a não doer tanto.
2 comentários:
Tudo tem suas compensações...
Vc vai ver que virá algo muito melhor...
O Universo ou seja no que vc acredite, sempre conspira a nosso favor e vc vai ver que os planos dele são muito maiores...
Anime-se, te senti meio down com essa história toda...
Lembra da música o que é o que é...
Adoro ouvir e cantar ela qdo estou assim... Aconselho!!!
bjs
Vc sabe q somos parecidas em muitas coisas né Zuzu,e q sou a pessoa mais impulsa e emotiva q acho q vc conhece,hehehe
já me dei mal milhões de vzs amiga,e na hora qdo vc v q ñ deu certo akilo q vc tanto queria,vc fica mal,e não consegue entender,mas lá na frente vai perceber q akilo tinha de ter acontecido na sua vida,pra q vc colocasse sua cabeça no lugar e entendesse q ainda ñ era a hora certa e talvez nem a pessoa tb.
pq a sua e a minha estão guardadinhas,esperando pra encontrarmos na hora certa.
é os "Cosmos" amiga!!hehehehe
beijãoo!!como um "amigo" escreveu aki,as vzs tem q se esqucer um pouco o coração e agir com a razão!!
Te adoro!!!e viva as "Normas"!!!hehehehehe
Postar um comentário